quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

jjr´s pub part 5


Londres / sexta- 9pm

- essas foram algumas das muitas historias que vivemos juntos, se eu fosse contar todas para você passaríamos a noite aqui.  Seu bisavô era um sonhador, e sempre me metia em encrenca pra por seus planos e ideias em pratica. Lembro-me muito bem do dia que resolvemos fazer o pub. Estávamos em um acampamento da nossa companhia no final da segunda guerra.  Passavam aviões a todo momento, retirando os soldados e trazendo-os de volta pra cá. Era um dia de festa, ele ascendeu o seu charuto e disse:
        - Vamos montar um bar meu amigo, e ele será construído com madeira de um navio naufragado.
Falou e fez! No mesmo dia, ele foi atrás do tal navio. No avião indo para Londres ele conheceu um soldado. A companhia dele havia acertado um navio pirata chinês. Ele vendeu a localização do navio por uma prataria que nós roubamos da casa de um coronel alemão.
- não acredito nisso. - Disse a ele sorrindo, sem realmente ter certeza da veracidade dessa historia.
- essa parede ai que você esta encostado era daquele navio. Quando montamos o primeiro jjr´s pub John J. resolveu guardar um pouco da madeira caso a do pub estragasse. Porém quando ele conheceu Catarina as coisas mudaram. Mas amanhã eu te conto resto, um velho com a minha idade não costuma aguentar passar das dez da noite. Amanhã de manha vou ao porto fazer algumas compras, você vem junto ok.
-sim, eu apareço na sua casa por volta das sete pode ser?
-tudo bem então garoto, a gente conversa mais amanha.

Depois de algumas horas conversando com o melhor amigo do meu bisavô, o velho homem se levantou da mesa. Aparentemente com um pouco de dificuldade para colocar em pé um corpo que transitou por milhares de lugares nos seus oitenta e quatro anos de idade ele negou precisar de ajuda para se levantar. Por algum tempo fiquei ali sentado olhando a textura da madeira tentando imaginar o enorme numero de pessoas que por ali passaram. Sempre fui fascinado por lugares antigos, eles me causavam certa nostalgia.
Meus dias na Inglaterra estavam chegando ao fim. Logo que li as folhas que Camila encontrou naquela noite comecei as buscas para o primeiro jjr´s pub. As folhas possuíam anotações, historias, fotos e alguns desenhos. Infelizmente nenhum endereço do pub aqui na Inglaterra.
Passei mais de uma semana procurando o lugar com apenas uma foto. E finalmente estava ali dentro de um lugar que jamais imaginava que existia. Diante da historia que deu origem a minha família. E cada vez que conhecia mais percebia o quanto eu era parecido com John.

- você esta atrasado, disse as sete. E são sete e meia.
- me desculpa, eu errei o endereço. O taxi me levou para outro bairro. Como estava sem dinheiro acabei tendo que pegar um ônibus...

Fui interrompido por ele com uma risada rouca, que saiu com um pouco de dificuldade. E aparentemente direcionada a mim. E ai ele me disse:
- você é a cara dele, e pior ainda veio com as malditas desculpas que na qual ele era o mestre. Enfim, é bom irmos logo, porque que se eu perder os melhores peixes das docas por sua causa, você vai pesca-los para mim.
- ok então vamos lá, por que eu não entendo nada de pesca.

Ted morava próximo às docas, apenas alguns quarteirões. Ele acabara preferindo ir a pé a pegar um taxi.  Fomos andando bem de vagar devido à idade do homem, porém ele não aparentava estar sofrendo nenhum pouco com a caminhada.

-Faço isso quatro vezes por semana rapaz, e é essa caminhada de três quarteirões e algumas sopinhas que me mantem vivo até hoje. Contei tantas historias do passado que acabei me esquecendo de perguntar sobre você. O que é você faz da vida?
-atualmente estudo, estou terminando o meu ultimo ano de faculdade. E nos finais de semana abria o jjr´s pub. Até o incidente do começo do mês.
- Garoto, é triste saber que o sonho do meu amigo foi destruído pelo tempo. Mas tenho certeza que ele teria orgulho de você ao saber que esta correndo atrás para manter aquele lugar aberto.
- espero conseguir isso, aquele lugar faz parte da minha historia. E também é um refugio de toda a minha rotina.
- você vai conseguir sim. Mas enfim vou continuar a historia que fiquei te devendo ontem a noite. Paramos aonde mesmo?
- Na parte em que ele conheceu Catarina.
- A sim, então vamos lá. Em mais ou menos um ano terminamos de montar o pub. O resto da madeira foi guardada em um deposito onde ficava o barco dele. Alguns dias antes de abrir, fomos mandar fazer o letreiro. E ai surgiu o primeiro nome do pub. Se chamava “Veterans” em homenagem aos nossos amigos de guerra. Nós éramos bem famosos por causa das bagunças que fazíamos nos acampamentos da companhia. Logo que os veteranos souberam do bar, todos foram para lá. E assim o pub fez um grande sucesso. Em um ano nós ganhamos bastante dinheiro, jamais imaginei que conseguiríamos isso. Compramos carros, apartamentos, reformamos o pub, etc. Mas em um certa noite eu senti o gosto amargo do dinheiro.  Era final de ano, muita neve nas ruas e o bar quase que vazio. Fecharíamos mais cedo para irmos para casa de alguns amigos. Estávamos limpando o balcão quando quatro homens entraram no bar com metralhadoras atirando em tudo. Eles eram mafiosos italianos, e estavam lá para fazer uma coisa chamada redução de concorrência. O balcão nos protegeu naquela noite. Mas não o bastante, seu bisavô levou um tiro que quase tirou sua vida.  Eles destruíram o lugar e saíram. Liguei para alguns amigos e eles vieram nos buscar e fomos direto para o hospital. Foi um tiro  de raspão no pescoço, porém ele perdeu muito sangue e não achamos doadores compatíveis entre nossos amigos. Começamos a revirar o hospital a procura de algum medico ou enfermeira de plantão que quisesse ajudar. Até que encontramos Catarina. Ela foi direto ao quarto e doou seu sangue pra ele. Naquela noite ele teve varias paradas cárdicas, os médicos não estavam preparados e nem conheciam o suficiente como hoje. Eu achei que ele iria morrer. Fiz uma oração e prometi que se ele sobrevivesse colocaria o nome dele no pub.  Ele passou alguns dias desacordado, mas era forte e aguentou firme. Catarina de alguma maneira se sentiu muito ligada a ele e ficou lá até ele acordar. Parecia que ela havia se apaixonado por aquele cara que ela mal conhecia.

continua...





                            

2 comentários:

  1. Estou achando tão gostoso ler essa história... Cada acontecimento me prende e deixo escapulir um sorriso...

    PS: Um dia qualquer, sem que você perceba receberá uma carta! :)

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  2. Oi, Junior :)
    Não me canso de dizer que sua escrita é fluida e agradável. A gente nem sente que está chegando no último parágrafo.
    Ainda bem que tem continuação. o/

    Agora eu quero saber mais sobre o romance. *.*
    "Parecia que ela havia se apaixonado por aquele cara que ela mal conhecia." - Amei essa frase! Deu um toque de suspense, que aguçou ainda mais minha curiosidade.

    Bjs ;)

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