quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais um dia havia nascido. Somando todos eles e dividindo em anos, dava mais ou menos 18 . E ele continuava lá sentado naquela maldita poltrona. Os filhos do vizinho brincavam na rua. Dava para escutar o barulho das crianças de lá de dentro da casa. E ele nem ligava com o barulho, era só aumentar o volume da TV que logo tudo ao redor dele deixava de existir. A vida dele passou a ser a sua TV e o DVD. Filmes e filmes. A paixão virou um vicio. Ele se escondia atrás daquela TV todos os dias, se escondia dentro da ficção para não ver a realidade. Já fazia seis meses que ela havia partido. Com o fim da escola ela teve que se mudar por causa da faculdade. Depois que ela partiu, ele foi junto. Não havia mais um ser dentro daquele corpo. Depois que amor se foi sobrou apenas um vazio. Escuro e triste. E os dias se passavam, todos ao redor da poltrona se preocupavam cada vez mais com ele. Mas naquela manha algo aconteceu. Mesmo com a TV em um volume estrondoso ele escutou um barulho vindo da janela. Era pior do que ele imaginava. Ao olha pra trás ele viu uma pequena bola amarela, quicando pela sala. Sem pausar o filme, deixou a sala e saiu de casa. A claridade o deixou meio sem visão, em segundos a nitidez voltou. E uma jovem correu em direção a casa dele. Ela correu com uma cara furiosa. Que logo foi esclarecida com os berros que ela deu nos garotos. Mandando todos pra casa, ela foi em direção a Junior. Ele estava parado na porta de casa sem se preocupar muito com o que tinha acontecido. A moça o cumprimentou e se apresentou como Julia. Desesperada e com vergonha pediu desculpas pelo estrago dizendo que ia pagar. E Junior não disse absolutamente nada. Eles ficaram se olhando por alguns instantes. As casas do bairro não possuíam muro, eram semelhantes as casa do subúrbio americano. Na frente da casa havia um jardim, com uma grama verdinha. A grama era molha periodicamente por um sistema automático. E enquanto eles se olhavam, os aspersores de água subiram e começaram a jogar água para todos os lados. A garota começou a se molhar, ela correu se aproximando de Junior, para fugir da água. Ele sorriu e se apresentou.

- prazer, sou Junior
-prazer! Eu acabei de me mudar, mas como sua vizinha não sabia que morava alguém da sua idade aqui.
- é eu não costumo sair muito. Mas já conheço os seus irmãos de vista.
ela sorri, passa sua mão no cabelo jogando-o para trás e diz
- todo mundo já os conhece. São bem famosos na rua devido as encrencas que eles causam.
Junior pega o controle do DVD que havia colocado no bolso pausa o filme e faz uma pergunta a moça.
- já conhece a vizinhança?
- mais ou menos já andei por ai, mas não conheço muita coisa.
- ta a fim de conhecer agora?
- pode ser. Diz ela tirando um sorriso tímido do rosto.

Ele fecha a porta, e os dois saem pela rua, a pé. Conhecendo as casas e falando sobe os vizinhos. A escuridão dentro dele estava desaparecendo, era tudo com um passe de mágica. O sangue parecia ter voltado a circular. Ele estava se sentindo vivo. Havia acabado de conhecer a moça. Mas mesmo com o pouco tempo a linda aparência e sua simpatia, já encantavam o garoto. E de sorrisos tímidos a gargalhadas contagiantes, os dois tiveram um dia maravilhoso. Um dia de muitos que viriam. O amor se torna um pesadelo quando vai embora, mas ele sempre volta. Não importa dentro de quem, só não deve desistir que logo encontrará o seu. E quando for realmente o certo, ele ficará contigo para sempre.