quinta-feira, 7 de abril de 2011


A maioria de meus contos se passam em NY. Eu não conheço pessoalmente a cidade. Mas apenas de vê-la em fotos e filmes eu sinto a essência que aquela cidade tem. Não é uma simples metrópole famosa por seus pontos turísticos. NY tem mais que isso.
Depois daquele dia de trabalho, o que Junior mais queria era terminar sua noite curtindo com seus amigos. Desde as nove da manha ele estava trancado no seu escritório tentando criar mais um edifício que futuramente seria plantado, regado com concreto e que logo cresceria no centro de NY. No final do expediente ele trancou sua sala e correu para o elevador antes que a porta fechasse. Dentro, sorriu para a moça que estava lá, colocou suas mãos nos bolsos de sua calça e passou a olhar pro painel de números ansioso para que logo chegasse ao térreo.
Era uma noite de quinta, mas os taxis não paravam. A rua estava infestada de taxis amarelos. A competição para pegar um era grande. A cortesia atrapalhava o garoto, que sempre deixava para os homens de paletó que saiam do prédio. Mas naquele dia a pressa era tão grande que ele era capas de brigar por um. E então finalmente um taxi parou, só que ao esticar seu braço quase que se encostou à mão de uma moça que foi mais rápida ao alcançar a maçaneta do carro. Ao ver que era a moça do elevador, ele cedeu o veiculo a ela. Ele a via todos os dias no corredor do trabalho não seria legal brigar por isso. E mais uma vez a disputa por outro taxi. Braço esticado, ansiedade no peito e a esperança de que logo apareça um indiano sorridente em um carro amarelo. E finalmente ele apareceu. Ao chegar em casa , a cada passo que dava ia tirando uma peça de roupa em direção ao banheiro , para um bom banho quente. Ele já estava atrasado. O ponto de encontro era na casa noturna Lotus que ficava na 409 oeste. Haveria um pequeno concerto de rock. A banda Beady Eye abriria um show acústico dos
Foo Fighters. A noite já prometia bastante. Ao chegar no concerto Junior aguardou pelos seus amigos. Cerveja, rock e mulheres. Era o final de noite comum para um homem como ele. Sentaram se então em uma mesa a esquerda do palco que não ficava nem a 3 metros deles. O local era pequeno, na terceira rodada que se fosse buscar as cervejas era o bastante para passar os olhos em todas as mulheres do local. Mas havia uma moça do outro lado da boate que Junior não tinha visto. E foi quando ele se levantou para dançar que ele viu aquela moça. Ela estava sentada em uma das mesinhas redondas altas. Loira vestindo uma blusa preta com detalhes cinza, um jeans escuro e uma bota de couro que pouco se destacava da calça devido à baixa iluminação do local. Parecia ser a garota que ele levaria pra cama, que iria embora ao dia seguinte e desapareceria adentro dos gigantes edifícios da cidade. Levou um tempo para ele criar coragem e chegar até a garota. Parecia que estava satisfeito em apenas fitar seus olhos na moça e observar. Ela possuía uma beleza tão singela, porém tão profunda. Seu rosto parecia possuir uma imensa doçura e sua boca era linda- um sorriso encantador. O show estava a se passar e ele não criou coragem de chegar a ela. Foi ai que ela o viu, envergonhada ela sorriu e olhou para o copo que estava em cima da mesa. Pouco tempo depois ela se levantou e se aproximou se dele. Sem que ele percebesse, ela o cutucou e disse:
-se continuar me olhando assim e não me pagar logo uma bebida terei de chamar o segurança.
ele sorriu com brincadeira dela, e a pegou pela mão e a guiou até o bar. Após pegarem algumas bebidas eles escolheram uma mesa e começaram a conversar. A partir do momento que ambos sentaram um a frente do outro, o local todo desapareceu. As pessoas, o bar, as caixas de som. Apenas restou a musica como fundo da conversa. Um estava interessado em conhecer cada vez mais o outro. Parecia que tudo havia desaparecido que eles estavam sozinhos lá e o que eles mais queriam era estar com o outro. Era mais um sintoma da paixão. Mas era estranho serem tão rápidos, eles mal se conheciam. Ela podia estar mentindo e ao invés de estudante de direito poderia ser uma prostituta querendo ganhar a noite de uma forma diferente e ele ao invés de engenheiro um vagabundo que ainda mora na casa de sua mãe. E mesmo com todo esse risco eles acabaram se entregando a paixão. Caíram na gargalhada por horas naquela noite. Historias, piadas, problemas pessoais... Pareciam que eram amigos há anos. E infelizmente a hora do show acabar estava a chegar. Os amigos de Junior já haviam ido embora, e a amiga de Alice havia saído com um cara do show. E assim eles continuaram. Sem nenhuma preocupação com a hora ou com o local que já estava vazio. Junior resolveu a convidar pra dançar, ele gritou o nome de uma musica que a banda já havia tocado. Mas como não havia mais quase ninguém a banda resolveu tocá-la novamente como despedida. A musica era
Times Like These, uma linda canção, era a predileta dele e por coincidência a dela também. Eles dançaram levemente sobre a pista como se flutuassem. Sentindo o corpo um do outro pareciam ser um só. Era aquela velha dança clichê entre casais nos bailes de primavera. Rostos encostados, algumas palavras no ouvido, uma das mãos do cara nas costas e outra do pescoço ao pé do cabelo da moça, dois passos pra um lado e um pro outro... E assim a musica terminou. Eles se olharam, encostaram testa sobre testa. E ficaram lá, se afogando um nos olhos do outro. A vontade de beija lá era enorme. Não tão maior quanto a que ele sentiu a noite toda. Mas o prazer maior era sentir a vontade, querer e estar próximo de ter e não deixar acontecer. Eles sentiram esse prazer à noite inteira já estava na hora do beijo. Ao chegarem ao apartamento dele repetiram a mesma cena que Junior havia feito depois do trabalho. A cada passo uma peça de roupa. E assim foi: a cada beijo vários toques, a cada batida do coração milhares de suspiros. Mas não era apenas prazer parecia ter algo a mais naquela cama. O amor parecia estar ali em algum lugar. Na manha seguinte, eles tomaram café juntos. E saíram pra trabalhar. Na mesma noite ela voltou ao apartamento dele para um jantar. E eles passaram a se ver varias vezes. E assim essa historia que seria apenas uma noite passou a ser de meses, anos, séculos. Prazer dura pouco, talvez minutos, horas ou algumas noites. Já o amor vale uma eternidade. Viaja com o tempo e é capas permear a vida e a morte. Ele esta em vários lugares. Cabe a cada um colocá-lo no coração e espalhá-lo pelo mundo.